PS apresenta voto de congratulação pelos 100 anos do jornal A Crença

PS Açores - 10 de dezembro, 2015
Cecília Pavão apresentou esta quinta-feira à Assembleia Legislativa dos Açores, em nome do PS/Açores,  o seguinte voto de congratulação, aprovado por unanimidade, que se transcreve na íntegra:   VOTO DE CONGRATULAÇÃO 100 ANOS DO JORNAL A CRENÇA A 19 de dezembro de 1915 publicava-se pela primeira vez em Vila Franca do Campo o boletim paroquial intitulado A Crença. Uma das iniciativas que marcaram as comemorações deste centenário foi, justamente, uma viagem pelas páginas que marcaram indelevelmente a vida da comunidade vilafranquense, pela pena do seu prestigiado colaborador, Professor Doutor José Maria Teixeira Dias. Na sua inaugural edição, o fundador Pe. Manuel Ernesto Ferreira anunciava um “pequenino jornal” para “recordar a doutrina suave e santa do Divino Jesus” em que o Evangelho, entre outras maravilhas, “libertou a mulher, elevando-a à dignidade de anjo da família”. Cedo se marcou a polivalência do Jornal. Privilegiando sempre a doutrinação, publicava igualmente notícias do mundo, de Portugal e dos Açores. Surgiam, por exemplo, artigos sobre agricultura, com destaque para a produção das uvas, em “Os conselhos ao meu vinhateiro”. Destacamos um capítulo curioso intitulado “O Padre e o Ensino Agrícola”, em que se lê:  “vivendo o padre em comunicação com os trabalhadores da terra e sendo a sua ilustração mais que mediana, quando não é notável, julgamos que pode desempenhar um largo papel na nossa reorganização agrícola. (…) Nos 5000 sindicatos ligados à Confederação agrícola de Espanha é o padre quem mais trabalha chamando a atenção para estes úteis organismos (…). Nas horas vagas dirige os trabalhos associativos seguindo os conselhos de Leão XIII e os nossos bispos entrarão certamente nesse caminho. Por altura das primeiras notícias sobre a moda, A Crença censurou “a desfaçatez com que os jornais tratam do assunto, (…) a forma escandalosa como as mulheres de hoje se vestem (…) e a imodéstia de tantas senhoras desgraçadas que querem ser chamadas católicas”. Teixeira Dias surpreendeu-se também com a publicação de folhetins. A partir de meados do século passado, mais propriamente na década de 1960, o jornal publicava “Um Chefe”, folhetim sobre a vida de um sul-americano, cujo objetivo era divulgar uma “biografia para os rapazes que querem ser homens, para os rapazes com o ideal e a energia para serem alguém”. No campo da cultura sobressaio S. João da Vila, mas só em 1993 o jornal publicou, a par de um quadro de S. João batizando Cristo, a fotografia de uma moça com balões dançando sobre flores e adjetivando as festas de mais sofisticadas, de ordem cultural, de acordo com os novos tempos. A moral esteve, do mesmo modo, sempre presente, sobretudo a moral das mulheres. Em 1995 o jornal destacava a importância do género feminino nas relações interpessoais, sobretudo na família, considerando que a sociedade é devedora do génio da mulher. A Crença teve, ao longo da última metade de século destacadas colaboradoras. Estamos pois em presença de um século de riquíssimos conteúdos, de um semanário muito presente nas dimensões religiosa, intelectual, cultural e política. Por altura das suas bodas de diamante, Gustavo Moura escreveu: “percorrer a coleção de A Crença é viver um pouco da história de Vila Franca, contactar os seus valores e encontrar uma plêiade de homens de bem, virados para os interesses da sua terra, sempre na defesa da doutrina cristã, um dos mais fortes esteios da sociedade açoriana. O jornal teve cinco Diretores: Pe. Manuel Ernesto Ferreira, Pe. João de Melo Bulhões, Pe. José Luís Fraga, Pe. António Jacinto de Medeiros e, atualmente, Pe. António Cassiano. Contou com as publicações, entre muitos outros, de Armando Cortes-Rodrigues, Augusto Botelho Simas, Rubens Pavão, Laura Pimentel e Lúcia Costa Melo, ainda ativa.    À frente do jornal desde o ano 2000, e vivendo em Vila Franca do Campo desde a década de 1970, o atual Diretor, Pe. António Cassiano, quis em jovem ser trabalhador para não depender dos fiéis. Foi Administrador da Casa do Povo, com funções na Caixa de Previdência. Foi Dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Ilhas. Intelectual, leitor compulsivo, escritor talentoso, discreto e desprendido, António Cassiano sempre defendeu acerrimamente os direitos das mulheres e dos mais frágeis. No seu editorial semanal escreve de forma frontal, criticando, não raras vezes, a Igreja Católica. É um Diretor sem medo. Foi-lhe atribuído o diploma de Mérito Concelhio e a Insígnia Autonómica de Mérito Cívico. Assim, ao abrigo das disposições regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista propõe à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores a aprovação de um voto de congratulação pelo centenário do Jornal A Crença. Do presente voto deve ser dado conhecimento ao seu Diretor e à Câmara Municipal de Vila Franca do Campo.   Horta, Sala das Sessões, 10 de dezembro de 2015   Os Deputados,